sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Composição de Ilustração de Cem Anos de Solidão



Trecho trabalhado :

' (...) De certo modo, Aureliano José foi um homem alto e moreno que durante meio século lhe foi anunciado pelo rei de copas, e que como todos os enviados pelo baralho chegou ao seu coração quando já estava marcado pelo signo da morte. Ela viu isso nas cartas. — Não saia esta noite — disse a ele. — Fique para dormir aqui, que a Carmelita Montiel já cansou de me implorar para que a ponha no seu quarto. Aureliano José não captou o profundo sentido de súplica que tinha aquela oferta. — Diga a ela que me espere à meia-noite — disse. Foi ao teatro, onde uma companhia espanhola anunciava O Punhal do Zorro, que na realidade era a obra de Zorrilla com o nome trocado por ordem do Capitão Aquiles Ricardo, porque os liberais chamavam de gordos os conservadores.* Apenas no momento de entregar o bilhete na entrada é que Aureliano José percebeu que o Capitão Aquiles Ricardo, com dois soldados armados de fuzis, estava passando em revista a platéia. “Cuidado, capitão”, advertiu Aureliano José. “Ainda não nasceu o homem que vai botar as mãos em cima de mim.” O capitão tentou revistá-lo à força, e Aureliano José, que estava desarmado, saiu correndo. Os soldados desobedeceram a ordem de atirar. “É um Buendía”, explicou um deles. Cego de raiva, o capitão lhe arrancou o fuzil, abriu espaço no meio da rua, e apontou.


— Cornos! — chegou a gritar.

— Oxalá fosse o Coronel Aureliano Buendía.

Carmelita Montiel, uma virgem de vinte anos, acabava de se banhar em água de flor de laranjeira e estava esparramando folhas de alecrim na cama de Pilar Ternera, quando soou o disparo. Aureliano José estava destinado a conhecer com ela a felicidade que lhe negara Amaranta, a ter sete filhos e a morrer de velhice nos seus braços, mas a bala de fuzil que lhe entrou pelas costas e lhe despedaçou o peito estava dirigida por uma má interpretação das cartas. O Capitão Aquiles Ricardo, que era na verdade quem estava destinado a morrer nessa noite, morreu realmente quatro horas antes de Aureliano José. Mal soou o disparo, foi derrubado por dois balaços simultâneos cuja origem não se aclarou nunca, e um grito da multidão estremeceu a noite.'

-(Cem Anos de Solidão, livro de Gabriel García Márquez)

-Gostaria representar um pouco o processo de composição sobre a ilustração apresentada. Muita das vezes o processo pelo qual me aparenta sendo a etapa mais proveitosa de todo projeto acaba sendo passada de forma despercebida ou não apresentada de forma apropriada .
Lidar com textos de Gabo para a composição de uma 'certa imagem ' é uma grande riqueza ao sentido imaginativo, encontro sempre em comentários de leitores que tende um envolvimento com a obra um elogio presente no sentido da narrativa extremamente ilustrativa.
Os trechos acima em negrito  representam  uma etapa em seleção de certos pontos presente a narrativa  retomada as ilustrações trabalhadas. Vale notar que toda a narrativa é cercada por devidos 'artefatos' e objetos que representam muito bem um sentimento ao âmbito da narrativa tratada pelo autor, em minhas leituras encontro sempre este lado provocativo aos objetos um lado mais intimo da narrativa fantástica, uma contradição por toda aventura percorrida por nossa querida família Buendía. Podemos ilustrar como exemplo que ao decorrer do livro a narrativa toma um engrandecimento dos sentimentos presentes em cada objeto que esteve envolvido de alguma forma com as personagens, eis que o termo ao titulo Solidão ganha um grande apreço sobre minhas leituras. A escolha de retratar a simplicidade e monotonia presente aos objetos citados  ao invés da grandeza sobre o tom 'fantastico' da obra, torna em sintonia sobre algo muito pessoal sobre minhas leituras em Cem Anos de Solidão; uma provocação a cada leitura que tamanha grandeza , sujeita magia e fantasia presente sobre uma família maluca , ora   a cada pagina se desfaz com a simplicidade e fragilidade presente nas personagens de Cem Anos de Solidão.

Um forte abraço !
B.A 



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