quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Composição de Ilustração;Projeto Cem Anos de Solidão

Gostaria de trazer um pouco sobre o processo da composição do ultimo desenho em ilustração do trecho de Cem Anos de Solidão.
O trecho segue :


"Sentada na cadeira de balanço de vime, com o trabalho interrompido no colo, Amaranta contemplava Aureliano José, que tinha o queixo coberto de espuma e afiava a navalha numa correia para se barbear pela primeira vez. Sangrou as espinhas, cortou o lábio superior tentando modelar um bigode de pelos louros, e depois de tudo ficou igual a antes, mas o trabalhoso processo deixou em Amaranta a impressão de que naquele instante tinha começado a envelhecer"


(Cem Anos de Solidão, livro de Gabriel García Márquez)


A escrita de Gabo é sempre muito ilustrativa , imagino que todo leitor em grande afeto a Cem Anos de Solidão deve sempre se pegar viajando presente em como a narrativa provoca uma confusão de imagens , ligadas ao realismo magico/fantástico tomando um impulso para as ribeiras da imaginação, sempre que retomo em um trecho para tomar ilustrar acabo tomando o máximo de cuidado possível , seja para tratar devidamente cada objeto em cena , ou então o sentimento em tona da narrativa. Sempre que retomo os trechos fico fascinado pela forma como Gabo tomou em ligar discretamente alguns objetos em torno de obsessões ou reflexões em via da essência de cada personagem. 
Na composição para escolha das imagens retomei aos objetos presentes para projetar o leitor em se aconchegar na narrativa tomada, trazer ao leitor a também leitura da imagem , como o redescobrimento de conteúdo que acaba sendo passado despercebidos por via da narrativa fluida.
Minha escolha em tomar a divisão da ilustração estava em reflexo da dualidade presente nas personagens , de um lado tinhamos Amaranta que ao trecho tem a alusão da velhice , do outro lado temos Aureliano José,tomado a juventude e a sagacidade presente em se barbear pela primeira vez. 
A questão do trabalho enterrompido por Amaranta me surgiu a metafora presente na personalidade de Amaranta levando o trabalho sendo tecido como a questão do trabalho presente a suas escolhas em vida, na primeira ilustração a direita o trabalho tecido e justo , a esquerda sendo desmanchado em alusão tanto a contemplação presente em Aureliano Jose , quanto na na impressão da velhice; o desmanchar de um trabalho que vinha sendo planejado.
Na segunda parte da imagem , ao fundo o mesmo trabalho é desmanchado e rasgado em metáfora á juventude provida a Aureliano José em ligação a navalha  presente no trecho .
A narrativa de Cem Anos de Solidão sempre trará em uma nova leitura uma cadeia de significados presentes ao leitor, a escolha de situar o objeto com a questão do sentimento presente ao trecho retoma a esta busca de tomar a interpretação do leitor, ligada a curiosidade sagaz e descobrimento de um novo mundo na narrativa, é certo que o leitor vêm ilustrando o livro em cada lida em cada discussão, a ilustração presente seja uma destas tantas interpretações de uma realidade magica.

Um forte Abraço!
B.A




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